sábado, 31 de agosto de 2013

ETAPA BELORADO A SÂO JOÃO DE ORTEGA : 24.3 KM

 Um dia muito bem,e pode no outro um dia muito mal.  O caminho nos proporciona isso com a maior facilidade e com a naturalidade de um dia de sol que chove ou um dia de chuva que abre um sol lindo. Fácil e rápido, assim num piscar de olhos.
 Acordamos as 5:30 da manhã, com uma noite bem dormida, com a alegria e o bom astral de ter conhecido gente boa, ter sido acolhido com bastante  carinho, e reiniciar o caminho com bastante animo e vontade cumprir a etapa determinada para o dia.  Colocamos o pé na estrada noite fechada ainda,sem lanterna, porque já tinha descartado a minha e nos baseamos pelas luzes da cidade em sua saída ate a beira da ponte que encontramos,  e por mais incrível que possa parecer, erramos o caminho ( sem eu saber) e me embrenhei por uma estrada que estranhei não ver sinalizações e caminhei por 30 minutos em direção ao desconhecido errado, chegando a uma ponta de morro que não tinha saída, confirmando que estávamos errados mesmo. Que sensação desconcertante, chata, irritante, gastar ao todo uma hora de energia boa, na primeira hora da manhã, fresquinho, caminhando em direção errada, e voltar ao ponto inicial, vendo que o lugar onde erramos, foi por ter passado no escuro por uma marca de pintura no asfalto que indicava o lado da ponte e o rumo totalmente diferente do que tínhamos optado. Um erro primário, chato, que entornou nosso dia, e que nos fez, em todos os demais dias, não sair mais no escuro, evitando que novamente pudéssemos ter um caminho errado de novo.  Nunca caminhe muito se não encontrar de 500 em 500 metros, mais ou menos  sem ver um sinal, uma pintura, uma flecha, um marco, um risco na arvore etc....que são as manifestações de rumo mais conhecidos do caminho.
 Como sempre na vida e na realidade dos fatos, aprendemos de muitas maneiras, e a nossa primeira experiência de caminho errado, nos abateu bastante. O caminho do dia em seu trajeto, era terrível, somente pelo meio de plantações de pínus e eucalíptus, com ausência total e geral de gente, somento com o som desconcertante do pássaro chamado " cuco", que por mais de 17 km de caminhada , era o único som que ouvíamos e nos distraía.
 Pois dizem que o que é ruim pode ainda piorar, e tivemos a oportunidade de vivenciar na prática este dito popular, que na integra, aconteceu conosco.  Tinhamos a referencia de São joão de Ortega, como o local onde havia um padre extremamente hospitaleiro, e que promovia um encontro todo especial aos peregrinos, com a sua famosa sopa de alho, que em todos os livros que li, era referenciada como um acontecimento. E nós, como talvez todos os peregrinos que tinham referenciais de leituras, também esperavam por esta hospitalidade e por esta parada diferenciada nesta parte do trajeto, tendo em vista que havíamos sido brindados com um  caminho ruim, terra inóspita, longa, cansativa, sem atrativos, no meio de uma mata vulgar e diferenciada dos caminhos arborizados que já tínhamos passado.
Pois a triste surpresa que tivemos ao chegar, foi de que o Padre famoso por sua hospitalidade e cuidado com esta parada, havia morrido já fazia dois anos, e as marcas evidentes de decomposição do local e o estado lastimável desta parada, foram logo detectados.  UM local ermo, somente com um restaurante, totalmente  deturpado pela realidade que o local era uma parada obrigatória, sem cuidados maiores, com instalações sujas, sem trato, banheiro ruim, com aspecto de desleixo e muito triste.  Que parada ruim e que resto de dia e noite. A Simone entrou no banheiro e se apavorou, sendo que as próprias camas eram despojadas de cuidado, fazendo  um quadro muito chato e obrigatório.A opção mais próxima eram mais 6 km, e começava a garoar, fazendo com que ninguém quisesse arriscar o próximo povoado.   ( Como em nossa vidas, se soubéssemos como seria o nosso dia seguinte), e eu e a Simone entenderíamos no dia seguinte uma série de fatos e motivos que nos chegaram como talvez, lição, mostra, nem sei direito como definir o que no outro dia para nós aconteceria.  Mas a certeza, de forma triste e como recordação, que São João de Ortega, seria para nosso imaginário um local para ser esquecido, e depois eleito como a pior parada, e a pior estada que tivemos ao longo de nosso caminho .
Triste, mas dormimos mal, comemos mal, a atmosfera do lugar era ruim, as condições ruins, o acolhimento não existia e isso tudo com certeza a gente assimila e nos puxa para baixo, no ânimo e no estado de espirito.   O Papo então seria dormir, acordar logo e sumir daquele lugar o mais rápido que pudéssemos.  E foi o que fizemos, para amanhecer e colocar o pé na estrada logo logo.  Triste lembrança de um lugar tão reverenciado e que está sucumbindo pela falta de acolhimento, cuidado, estrutura e total ausência do espírito fraterno do caminho.    ASSIM COMO NA VIDA, ENTENDEMOS !  Virar a página era o que se impunha.   QUE venha o novo dia !

domingo, 25 de agosto de 2013

SANTO DOMINGO DE LA CALZADA ATÉ BELORADO : mais uma etapa !

 Etapa contempla a quantidade de 22.4 km, entre santo domingo de la calzada, até belorado, percorrido no dia 07 de maio de 2013, em uma terca feira, e que nos apresentará uma realidade um pouco diferente de tudo o que vínhamos encontrando ao longo destes dias iniciais. Este trecho nos faz mudar a paisagem, a característica da região, porque entramos em uma das maiores comunidades autônomas da Espanha, que é a de CASTILA Y LEÓN (pertencentes a província de BURGOS).
 O trecho que percorremos nestes km, nos judiou de verdade.  Foi um vento frio, mas frio de verdade, numa região descampada, coberta por imensas plantações agrícolas variadas ( trigo, cevada, pastagens)e um grande período aberto e também paralelo a grande carretera de numero 120, uma das maiores estradas da espanha , e que nos fez sofrer com a frieza do clima.  Nestes períodos, como em outros a frente, tivemos dificuldades com as articulações de joelho, com nariz e pontas das orelhas queimadas pelo vento frio, acarretando a formação de pequenas bolhas, e posterior escamação da pele , por força da queima do frio.
 Ficamos instalados em um albergue particular, originado pela escolha que fizemos, em não ficar no albergue público, na entrada do povoado, e fato este que se mostrou adequado, tendo em vista que o albergue escolhido, era administrado por um brasileiro, o FERNANDO, natural do Maranhão, e que também tinha residencia em Portugal, e fazia durante a temporada do CAMINHO DE SANTIAGO, a gerencia do estabelecimento.  Dispensável dizer que estávamos em casa e tivemos por parte dele, uma atenção diferenciada, fazendo com que a simone pudesse evoluir na cozinha com as suas necessidades, o uso das estruturas, as informações de locais, uma ajuda com temperos faltantes e o uso de panelas e utensilhos que normalmente não são colocados a disposição em geral.   Almoçamos, arroz, bife, ovo frito, salada, baguete fininho e muita (rsssss), perdoe-me quem odeia, mas muita coca-cola.  Era tudo que naquele momento queríamos, além do banho já tomado, da troca das roupas, do espaço para poder secar as mesmas, e a possibilidade de dormir com tranquilidade.  Simples assim, e isso o Fernando nos ajudou e contribuiu para que tivéssemos de verdade algumas horas de acolhimento diferenciado, e uma sensação de proximidade com o idioma, com nossa gente, com quem tinha sensibilidade  parecida com nosso momento e a nossa percepção de tudo que estávamos nos deparando.  E , saibam , todos os que lerem isso :   ISSO FAZ A DIFERENÇA DE VERDADE.
 Neste caminhar nestes imensos campos, e suas plantações, tivemos a sensação de realmente estar nas áreas agrícolas da Espanha, através dos seus mínúsculos  povoados, suas pessoas de idade avançada, a mecanização e irrigação muito presentes nas plantações e o terrível descampado , que nos fazia padecer, até pela falta de roupas adequadas e um vento seco e penetrante.  Só de lembrar, assusta, pois a sensação nos imobilizava e provocava nas articulações já  doloridas, uma sensação de extremo desconforto.   Incrível como o frio, tem a capacidade de em poucos minutos minar a nossa resistência, pois, até para fazer xixi, em pequenos instantes, a parada era um tormento para voltar ao ritmo e o aquecimento de novo.    PROBLEMAS PARA QUEM NÃO ESTAVA DEVIDAMENTE PREPARADO DE ROUPAS TÉRMICAS.  NÃO ERRAR NUNCA COM ISSO.  O CORPO PAGA E ACUSA AS DIFICULDADES. 
 Depois de quase tres horas ininterruptas de caminhada, a Simone intimou para uma parada  em Casteldelgado, uma minúscula povoação de apenas 50 casas, onde apesar do abandono, da solidão, e falta de pessoas, nos albergamos  em uma área de uma determinada casa e apesar do frio, a Simone descascou uma laranja bem devagar e saboreou.  Dentro da característica dos povoados que conhecemos, 9 horas em ponto bate o sino no campanário da igreja, e com ele um chamado a colocar o pé na estada novamente, até porque, em todos os dias, sempre temos um compromisso de que a caminhada sempre terminará sómente após as 12 horas, e isso ainda estava longe.
 Logo logo a Simone, em um destes povoados abandonados e tristes, teve a oportunidade de conseguir uma extravagancia para a realidade do caminhante.  Na tenda aberta do caminho conseguiu comprar a pinça que ela tanto estava sentindo falta, e que em dias seguintes, pode se deliciar em momentos específicos, de acordo com a sua vontade.   Pois é.......para achar no caminho , tinha que aproveitar as oportunidades, pois pequenas coisas como um pequena e trivial pinça, se agiganta como um produto difícil de ser encontrado no árido caminho.
Em resumo: mais um dia de caminhada havia  terminado, descansar para o dia seguinte era o que se impunha, e a certeza de que na etapa seguinte , algumas coisas seriam diferentes.
ps:  albergue com custo de 5 euros !   simples assim.

terça-feira, 20 de agosto de 2013

ETAPA : NÁJERA ATÉ SANTO DOMINGO DE LA CALZADA

  1. DÉCIMO DIA DE CAMINHADA:  A etapa tinha 21 km, e era de uma particularidade ascendente, que como sempre que assim acontece, causa uma certa apreensão.  Subir é uma atividade complicada, e nos  desconforta de verdade. Nós saímos de Nájera, as 6:15 da manha e a subida como sempre,  provocou um suador característico.  Afora o suador, a subida, o passar dos dias, chegando ao décimo, começamos também a ter um preparo diferenciado e a ter uma resistência também melhor. A Simone quando chegou ao albergue, as 11:45 da manha, relatou que não havia sentido nada de dor, de cansaço, e a ideia de que estávamos melhorando de preparo e de fôlego, fato que somente nos alegrou e nos deu mais confiança para os próximos dias.

O albergue era uma maravilha.  Por fora tinha a aparência de um prédio  medieval, que no momento em que entramos se mostrou atual e dotado de todas as necessidades básicas e muito mais ainda. Tínhamos um peregrino parceiro e brasileiro, que era gaúcho de Gramado, e igualmente como nós, estava muito satisfeito com o albergue e as condições que iríamos desfrutar.  Este albergue com toda esta estrutura, de forma muito diferenciada de diversos outros, não cobrava valor definido, deixando ao peregrino a possibilidade de deixar o valor que achar correto e devido.  Uma atitude que pressupõe bastante sensibilidade  de parte dos peregrinos e que de nossa parte foi dignamente respeitada.
 
Nesta etapa, encontramos uma particularidade que em todos os livros e manuais era muito destacado. SANTO DOMINGO DE LA CALZADA, era a cidade, povoação, pueblo ( como quiserem), que tinha a igreja famosa , que possuía  o galo que ficava em cima do altar, e que conforme conta a lenda, ele canta , sendo que o peregrino que adentrar a igreja e ele cantar, será abençoado com muita saúde e sorte no caminho.  Eu entrei e nada, outras pessoas da mesma forma, sem nenhum canto, fato este que foi interrompido quando a Simone entrou na igreja e o animal começou a cantar, provocando em nós dois uma emoção muito grande.  Pela confirmação da lenda, que nós tínhamos já lido e pela satisfação de acreditar que aquilo também era um sinal positivo do caminho, além de ser um alento para algumas coisas complicadas que nestes primeiros dias havíamos já colhido.
Todos os dias , temos sinais, notícias, fatos importantes e que nos animam ou marcam a nossa caminhada.  Neste dia, pela primeira vez em dez dias, recorri ao Ipod e curti umas músicas calmas, matando a saudade da lingua, das lembranças da terra, da família, dos amigos, da cidade , da nossa rotina que havíamos abandonado.  A emoção sim tomou conta, e por momentos a saudade foi mais forte. Aproveitando o sinal de WI-FI do restaurante ao lado do albergue, tive o prazer de receber uma mensagem do amigo JONAS PALMEIRO, dando conta que o meu INTERNACIONAL, havia saído vitorioso, e se sagrado campeão gaúcho de 2013.   Foi uma festa quase que solitária, mas muito prazeirosa, podendo apenas ser dividida com a Simone naquele momento e posteriormente com uma pequena flauta em cima de um paulista que de todas as formas queria minimizar o valor do título regional pelo Inter conquistado.
O contexto, da rotina, é as vezes repetitiva, pois ir na tenda, comprar quase sempre os mesmos alimentos, fazer os bocadilhos para o dia seguinte, deixar a mochila arrumada, recolher as roupas secas e deixar tudo engatilhado, torna-se  natural e mecânica.  Mas....saibam os que lerem esta postagem, que os detalhes as vezes não registrados aqui, são muito mas muito significativos e expressivos.   Uma caminhada no sol, de chinelo de dedo, sentar na praça central do povoado e ficar no banco comendo um chocolate, são momentos sempre impagáveis.  E, sem falar da emoção que cada olhar, que cada cruzada de olhos com a Simone em momentos específicos, nos enche de  emoção e de gratidão, a deus por podermos estar , onde estamos e presenciando e desfrutando de uma realidade que somente quem fez ou faz o caminho pode experimentar e vivenciar.   Ao recomendar o caminho para quem quer que seja, o maior ensinamento ou a maior mensagem, é de que não existe padrão, não existe ordenamento quando se fala no CAMINHO DE SANTIAGO.   O caminho é mágico, e isso não pode ser descrito.  Só vivenciado!!!!!!!

sexta-feira, 16 de agosto de 2013

NAVARRETE ATE NÁJERA : A ETAPA DE DOMINGO

 NO caminho, cada dia vivenciamos uma realidade, com particularidades, com  situações diversas e nada se repete......perdão....as dores no joelho se repetem sim, mas de resto sempre temos brilho nos olhos, paisagens lindas e novos conhecimentos. Saimos de Navarrete as 6:30 da manhã, para uma etapa de 16.5 km, ou seja uma das menores das 34 etapas que tínhamos pela frente.  Era uma vantagem ! era um consolo eu diria, pois acordar e sair, sabendo que a etapa seria curtinha, soa muito bem no ânimo do peregrino, e isso, junto ao fato que era um domingo, o tempo tinha dado uma trégua, teríamos, como efetivamente tivemos uma temperatura agradavel, de dia de "lagartear " ao sol.  Pois foi assim mesmo.
 A etapa, sendo curta como esta, rapidinho, por volta das 11 horas da manha estávamos chegando a Najera. Uma cidade povoado, diferente das demais que tínhamos já passado. Na medida que fomos adentrando, encontramos uma cidade em dia de festa, com crianças saindo da igreja com os pais, da primeira comunhão, uma ponte lindíssima em que conseguíamos divisar um rio de águas limpíssimas correndo meio as pedras de cascalho  enormes, com uma borda dos dois lados guarnecidos por um verde da grama muito acolhedor e aconchegante para fazer um piquinique nas formas dos filmes. Para completar, estava acontecendo uma rústica beneficiente, ao estilo das corridas que as cidades do mundo fazem para chamar a atenção para crianças, para determinados tipos de doença, e por ai vai, sendo que eu e a Simone não conseguimos descobrir qual era a motivação do evento, mas podemos comprovar que era sim o acontecimento da cidade e a mesma estava perfilada, deitada, abrigada, esparramada ao longo do rio, nos bares, nos restaurantes, na feira próxima que também estava acontecendo.
 Por uma questão de absoluta falta de conhecimento, fomos adentrando a cidade, sem nos determos no evento, nos acontecimentos festivos que estavam se desenrolando, fato este que nos levou quase ate a saída de Najera, obrigando a colher informações com as pessoas passantes, descobrindo onde se localizava o albergue, ou os albergues. Enquanto perguntávamos, nos deparamos com a preparação de alguns ambientes na parte histórica da cidade, que retrataria aquelas festas tipo nos filmes de época, onde todos vestiam-se de roupas medievais, com comidas típicas, com bancas com feno, com animais ambientando o local, com personagens, todas  parecidas como as imagens que todos temos dos filmes medievais, de ruas de pedra, com personagens de capas, roupas soltas, amarradas com cordas, comidas em bancas e musica tocada ao vivo em instrumentos diferentes e com sons completamente  fora da normalidade de nossos costumes.   Subimos, trocamos de ruas, fomos a frente em direção a beira do rio até que ao chegar em uma praça cercada por prédios  habitacionais e quase encostados na parede de pedra lage do morro que circundava a cidade, encontramos o albergue municipal, que naquela hora estava fechado, e tinha somente 4 ou 5 peregrinos já estirados nos bancos aguardando as 13:30 que era a hora aprazada de todos poderem se instalar e descansar.
 O albergue municipal era novo, com tudo o que era necessário, com hospitaleiros que falavam tres ou mais idiomas




Obs:   perdemos a ultima parte da postagem.

terça-feira, 13 de agosto de 2013

ETAPA : VIANA até NAVARRETE .

 Dia 04 de maio, um Sabado !  Com sempre é dito na vida ( não tem bem que sempre dure, e mal que não se acabe).....dito este que serve para nossa vivencia.  Depois do açoite por dias da chuva, vento frio, neve, cansaço, joelho inchado, vontade de desistir sempre rondando, somos brindados com o sol, um lindo sol.  Meu deus.....como pode a atmosfera de um pouco de sol, de calor, um pouco de temperatura amena, pode influir tanto positivamente no nosso pensar e agir, como nestes dias e precisamente neste dia, onde nossas dores , foram  quase que anestesiadas pelo sentimento de ver o sol brilhar novamente depois de uma semana de " tortura".
 Nossa etapa era de 21 km, que foram  religiosamente percorridos até as 12 horas e 40 minutos, quando chegamos em Navarrete, e encontramos .....rssss, tudo o que precisávamos.  Um albergue limpo, com cozinha ampla, um banho quente, que fosse 6 Euros para não sair do planejamento, e que a cidade( pueblo) tivesse um local adequado para que nossas sempre tão necessárias compras pudesse ser feitas. Grandes exigências de um casal de peregrinos brasileiros, cansados, com joelhos inchados, encharcados de Cataflan gel, que na compra da próxima bisnaga, se transformou em Voltarem gel. Azar a marca, o importante que era passar, bem esfregado, com bastante quantidade, e a dor aquela terrível, ia passando devagarinho, até que  a gente parasse de se movimentar. Quando esfriava, meu deus do céu, que dificuldade para levantar, dobrar a perna, caminhar.....era terrível a dificuldade.
 Tudo estava bem.....eis que.........o Albergue não tinha sinal de WI-FI....e isso era ruim para a minha pretensão de viciado em internet, em poder saber noticias do Brasil, da cidade, dos amigos, da família, e usar a rede do telefone tarifado , era tipo cada uso: 29.90 na conta.  Claro numa emergência etc....., mas para ficar navegando nem pensar. Neste dia, então, foi sem fotos para o facebook, foi sem mensagens para os amigos e por ai vai.
 Ritual de instalação feito, carimbo nas credenciais, mochilas ao lados dos beliches, botas nas prateleiras, cajados nos baldes, banho tomado, roupas estendidas no vento para secar, chinelo de dedo, caminhar até a praça da cidade , que tinha vida, que se via gente, onde podemos ver crianças brincando, o sino da igreja chamando para a missa, em uma igreja muito linda como quase todas as do caminho e que tinha um dispositivo , onde colocando uma moeda, você tinha as luzes acesas e podia ver o quanto de lindo era por dentro, com a imponência de quase todas as igrejas espanholas que conhecemos.
O caminho , a cada dia que passava, ia ficando mais agradável ( sem aqueles horrores do início), e isso gerava uma pequena sensação de que era sim possível, e que para poder terminar, não era mais como nas primeiras impressões , nós tínhamos pensado.  O sol se apresentando, melhorava mais ainda.  De desconfortável os joelhos, isso sim um tormento, mas nada de tendinites, de bolhas, que nos assustavam muito e temíamos a possibilidade.
 Neste dia, de acordo com o pequeno convívio, viemos a conhecer um parceiro muito legal da caminhada, um francês chamado CRISTIAN , logo logo "domesticado e abrasileirado", passando a ser chamado de " messiê cristian " para todos os momentos, para todas as saudações, para todas as paradas e para todas as vezes que nos cruzávamos no caminho. Grande amigo, pessoa de uma sensibilidade expressiva, com aquele sotaque característico dos franceses, querendo e sendo gentil sempre, falando ( se é que nós podíamos nos entender......e como podíamos) e nos tornando grandes parceiros do caminho.  Nas dificuldades, nas subidas onde ele engripava também, assim como eu, e em diversos momentos em que andávamos a frente ou atrás dele, fazendo sempre uma festa nos momentos em que nós chegávamos nos albergues, paradas para lanche, café, banheiro etc....sempre uma grande presença.  Foi assim até o fim( depois conto mais do meu grande amigo " messiê cristian").   Ele queria me pagar uma bebida......rs, e como dizer a ele sem falar uma palavra de frances, que eu estava tomando anti-inflamatórios etc.....não poderia beber, e também que não bebia etc.....nossa uma odisséia, mas nos entendemos e acabei tomando uma coca-cola lata e brindando com ele a nossa vitória de mais um dia e a chegada do sol no nosso dia de trecho já percorrido.  Que lembrança legal, quando escrevo aqui e posso relembrar as coisas, as gozações, as dificuldades do idioma, as impossibilidades de entender para os dois e ele fazia assim com a mão, tipo deixa pra lá e exclamava tipo  vamos em frente e azar, eu imagino.   Grande lembrança do caminho.   A cada encontro, era uma satisfação, algumas lágrimas, e a comprovação de que nada é intransponível nesta vida.  Sómente a morte, que é o fim de uma etapa.  O resto, rsssss, nada nos detém, basta querer.
 No trecho, detalhes, tais como uma passarela de madeira muito bem feita sobre a estrada ( Carretera estadual), os ladrilhos dentro da cidade que tinham a identificação do pueblo, para já ajudar a sinalização do caminho dos peregrinos, além de também nos indicar que neste meio de etapa, tivemos a mudança de província, ou seja, deixamos para trás a poderosa, antiga, forte e rica NAVARRA( com a força Basca ) e adentramos na PROVÍNCIA DE LA RIOJA, que a partir da divisa, nos mostrava outra região, com características diferentes, com seus parreirais, com frutas, com novas plantações, com variações de relevo e com pontos  relevantes,  tipo as ruínas que encontramos de um antigo hospital de peregrinos, que fora preservado suas ruínas, para mostrar a era antiga e o que significava para nós todos os caminhantes atuais, daquilo que quase 800 anos atrás existia e era produtivo e eficaz para os peregrinos primeiros.

E assim, simples, com estas pequenas digressões, com estas pequenas significações a cada um, é que é feito o Caminho de Santiago.  Neste emaranhado, temos horas que nos emocionamos, temos momentos de muita saudade dos nossos, temos momentos de indescritível emoção pelas paisagens, pelo novo, pelo velho, por novidades, por costumes estranhos, por uma fala diferente, por uma efervescência de gostos, jeitos formas e ritos.   Cada um recolhe esta vivencias e processa.  Soa diferente e com significado diverso a cada um.  Talvez como nossa vida.  Nós e que sabemos!  e a só nós importa.

sábado, 10 de agosto de 2013

ETAPA DO DIA 03 DE MAIO : LOS ARCOS ATÉ VIANA

 Etapa  de numero 7, com uma distancia relativamente pequena : 19.5 kilometros, partindo de LOS ARCOS, até VIANA, etapa esta percorrida no dia 03de maio de 2013 , uma sexta feira  em que o tempo deu uma trégua na chuva, e fomos brindados com um sol leve, que nos deu um gosto diferente dos dias anteriores, onde somente a chuva vinha nos castigando diariamente. Partimos de nosso albergue aconchegante e nossa caminha agradável, depois de retirar nossas botinas da prateleira onde elas dormiram com jornal dentro, para diminuir a umidade e tentar secar o mais possível. A etapa, mesmo pequena, nos fez percorrer por áreas onde  podemos ver gente , crianças e não só povoados de pessoas idosas e de serviços em propriedades rurais de gado leiteiro. Tivemos oportunidade de percorrer ruas com carros de  crianças, e famílias em seus roteiros normais e suas vidas , diferindo um pouco da paisagem de dias anteriores. Até isso a gente estranha, pois normalmente os povoados são habitados por pessoas de muita idade e custamos a ver jovens e crianças  em muitos locais por onde passamos.
 Como normalmente eu já me programava, nossas etapas nos condicionavam a caminhar toda a manha, variando se ate meio dia ou um pouco mais, conforme a quantidade de  kilometros, fato este que neste dia nos proporcionou por volta de 11:30 nós já estarmos esperando na porta do albergue o horário de entrada, que normalmente estava variando entre uma hora e uma e trinta.  Nosso albergue neste dia foi o albergue municipal ANDRE MUNHOZ, que para nossa alegria era completo, com todas as nossas necessidades " as de sempre", ou seja, que tivesse uma cozinha, que tivesse agua quente, que a cama fosse limpa e que tivesse as vagas.  Fomos brindados com todos os itens, e decorrente disso nosso dia estava ganho e salvo.  A rotina de mais um dia iria se estabelecer com normalidade e era relaxar para esperar a manha seguinte.   Nada de surpresas, as compras triviais e rotineiras, com gastos dentro da media usual diária de 15 euros, e o pagamento do albergue por volta de 6 euros para cada um.  Muito bom de verdade.
Neste dia  a Simone promoveu uma fritada de tomate, queijo, presunto, abafado na frigideira, com 4 ovos, que comemos  com um baguette fininho , mas novo,  e fizemos a festa bem tranquilos , sendo que dormimos direto até as 19:30 num sono só, oportunidade em que acordamos e tomamos um caldo de sopa de pacote, e  literalmente caímos desmaiados no sono novamente.  Forças para a outra etapa, que  também não seria muito longa, mas nos  apresentava uma variação de relevo bem significativa.

Fato que saltava aos olhos:   a total falta de privacidade nos albergues,e que  invariavelmente nos  apresentava algumas situações quase cômicas, que iremos mais a frente tratar e dividir com todos vocês que nos acompanham.   Serio isso, a falta de privacidade , e a decorrência direta da vivencia em espaços pequenos, de um grupo grande, com toda a sorte de detalhes até por vezes  grosseiros e constrangedores.   São algumas mazelas do caminho, mas que podem sim ser tiradas de letra, no convívio diário.

quarta-feira, 7 de agosto de 2013

 A etapa de hoje contempla a saída de ESTELLA até LOS ARCOS, totalizando  21 kilometros, etapa com um pico de quase 800 metros de altitude em  Villamayor de Monjardim, trecho este que nos presenteia com algumas das situações mais inusitadas e com novos e diferentes significados.  Vejamos então:  Saimos de Estella era noite ainda , por volta das 6 :15 da manhã, com uma chuva miuda e chatinha. Por dificil de aceitar, era já nosso sexto dia de caminhada e a chuva não nos abandonava por inteiro.  Era no inicio da manha, no fim do dia, perto do meio dia, mas nada de ficar seco e sempre com aquela umidade e um frio significativo, que nos castigava sem dúvidas.
 A primeira novidade, foi a chegada até a tão falada e esperada Fonte de Irache, que para  ser diferente, tem a particularidade de que  de suas torneiras, sai vinho da melhor qualidade.  Você pode tomar o quanto quiser, sem poder levar  nada, mas pode tomar o quanto quiser.  As pessoas param, bebem, são filmados pela câmera que existe no local, por segurança, e vai embora.  O ponto e extremamente visitado, todos os peregrinos do caminho param, bebem e registram a parada e principalmente o vinho que ali  é ofertado. Nós , mesmo tomando remédios, e não sendo adeptos, provamos com certeza, um pouquinho, para ter a ideia do sabor do vinho da Navarra.
 O caminho nesta etapa, tinha um obstáculo de respeito, que era a subida  de Villamayor, que nos consumiu de verdade e nos deu um cansaço respeitável, fazendo com que nosso trecho  até Los Arcos, com aquele tempinho danado de chato, nos exaurisse, apesar dos poucos  kilometros.  A chegada em Los arcos, uma cidade pequenina, lindinha, aconchegante, estilosa, com casas e ruas de época, e com a maravilhosa igreja medieval de SANTA MARIA, imponente e antiga, de impactar qualquer cristão.   Portas enormes e escuras, com uma estrutura como o próprio nome diz, de arcos, em toda a sua extensão, por dentro e por fora, mostrando a imponência da construção , a atmosfera pesada dos anos e da época antiga, com um interior forte e impactante. Tivemos uma impressão muito forte, e depois tivemos a confirmação a noite , quando participamos da missa, onde a população de pessoas de idade da cidade, comparece em peso na missa, fazendo com que a atmosfera ficasse ainda mais solene, pesada e com características de ser a demonstração da religiosidade do povo espanhol

As fotos anexadas, dão a mostra do que falo, da imponência do interior, da suntuosidade  dos revestimentos de ouro maciço, e a ainda a opulência da igreja, ali tão bem representada.  Para  aqueles que não tem boa vontade para com as coisas da igreja, esta visão era um prato cheio para os comentários da riqueza da igreja, e as suas representações externas de  poder e representação.    Claro, falo de impressões, e não posso me furtar de comentar sobre esta situação, porque ela impacta mesmo, e isso ninguém pode negar.
O prédio branco acima, é o Albergue em que fomos acolhidos de forma muito receptiva, nos proporcionando aquelas coisas básicas que sempre menciono, mas que são fundamentais, para todos como nós , estávamos na rua, com a chuvinha persistente, e com o vento frio que quase cortava nossos narizes e nossas pontas das orelhas.   Fomos informados  dos locais do albergue, contribuição de 5 euros por pessoa, o acolhimento num beliche com cobertor ( importante de novo), com a parceria de alguns jovens japoneses e coreanos que estavam no grupo da caminhada e tinham ficado alojados no mesmo  recinto que nós.
Após o banho reconfortante, depois de lavar e secar nossas roupas, fomos a rua, para fazer nossas " famosas " comprinhas, tendo escolhido uma tenda pequena, bem sortida, atendida por um casal de espanhois muito sérios e sem muitos gracejos e  sorrisos.  Fizemos  a nossa compra trivial, com a variação dos dias anteriores, onde hoje prevaleceu uma linguiça local com cebola, tomate, presunto, azeitona grande, pão, e massa, além da nossa coca-cola, que mesmo com o vício pouco recomendável, era em muitos momentos o reconforto das privações e cansaço do caminho. Era quase 17;30  e nós fizemos uma comida extremamente cheirosa, que fez com que diversos outros peregrinos, fizessem uma romaria da cozinha para o alojamento sem antes dar uma espiada no que aquela " brasileira" estava preparando. E como estava bom !  Comer, ficar saciado, e de sobremesa, atravessar o pequeno córrego em frente ao albergue e ir até a área externa da Casa de Cultura da cidade, onde por indicação do hospitaleiro, tínhamos a oportunidade de ter um sinal WI-FI grátis e acessível sem maiores formalidades.   A única necessidade era a digitação de um email indicativo, e a conexão estava estabelecida.   Perfeito.....tudo o que nestes momentos estávamos necessitando.   Esqueci um detalhe :  compramos uma compota de pêssego, que junto ao sempre presente chocolate na mochila, nos trouxe breves momentos de felicidade , oportunizada com apenas 14 Euros de despesa.   Como era bom, quando estes fatores completavam nossos dias e a grande e final felicidade , era ter  como corolário, uma noite de sono tranquila e quentinha.  Assim foi, sem antes termos participado as 20 horas da missa naquela igreja  imponente, que recebeu todas as pessoas de idade do pueblo, e uma  vibração mágica  foi passada a todos os presentes.  Muito forte a sensação de participar daquela celebração eucarística. Muito forte mesmo, pois tínhamos que nos reforçar intimamente, para um novo dia que não saberíamos como seria.   Todos os dias eram assim !   A gente nunca sabia como seria o dia seguinte......que engraçado.......como todos os nossos dias de vida.

segunda-feira, 5 de agosto de 2013

Pois hoje, é a quinta etapa:  01 de maio de 2013 !  Ponte de la Reina até Estella, com um total de  22.4 km, também de um tobogã de sobe e desce.  Isso já neste quinto dia era uma normalidade. Dizem os mais experientes nos livros, nos blogs, nos relatos.....quem aguentar os primeiros 5 dias, completa o caminho!  Ou seja, não desiste, ou não sofre tanto mais com o impacto das primeiras reações do corpo e das primeiras sequelas que normalmente nestes cinco dias se instalam.  Eu e a Simone, sobrevivemos a duras penas os primeiros 5  dias e isso foi também um sinal de muita satisfação para nós dois, pois o sentimento de querer desistir, de pensar que não iríamos aguentar , caminha metro a metro com a gente, até que o nosso corpo e o nosso cérebro introjetem a ideia de que podemos e vamos sim ir em frente.  O organismo passa a reagir melhor, descobrimos mecanicamente as formas de relaxar, as receitas dos " tira dor" dorflex, ibuprofeno , e outros elementos químicos que ajudam a todos os caminhantes a aguentar um pouco mais e passar dos prazos e dias fatídicos de início da caminhada.
Saindo cedo de Puente de la Reyna, como acontece quase que em todos os dias,  e a frente isso se tornaria um costume certeiro, um café quente com o Bocadilho ( foto acima) é uma marca registrada do caminho. Primeiro bar, primeira tenda aberta, lá sentamos eu e a simone para aquilo que nos daria sempre o gás necessário para a caminhada que normalmente se arrastaria ate por volta das 13:30 . Como era e como foi a cada dia , esperada a hora da parada na primeira oportunidade da manha de se tomar o nosso café com o Bocadilho.
O Albergue que ficamos era na entrada da cidade, do Pueblo, nós  cedo da manha na saída do dia seguinte é que fomos conhecer a famosa ponte , as ruas estreitas, o rio imenso e largo e a saída da cidade , que logo logo nos direcionaria para um sobe e desce muito acentuado.  As mochilas , continuavam a pesar.....mas a minha eu não tinha mais nada para deixar, a não ser meu tênis, que resisti bravamente para não abandoná-lo, fato que iria agradecer em muito aos céus e a Santiago por não ter me desapegado. Meus tênis, foi o descanso aos pés, todos os dias, após o banho no albergue, e a forma de dar um descanso aos pés, que eram  judiados pela bota pesada e com sola ainda mais reforçada. Sorte não ter sucumbido !   Muito embora, o mesmo não tenha acontecido com a minha querida Simoninha, que lá pelos 3.5 km da manha , do " tobogã" que o caminho se apresentava, abriu sua mochila e despachou para a copa de uma árvore do caminho seu par de tênis NIKE rosinha novo em folha, para e aliviar de mais ou menos umas 450 gramas a mais da mochila. Ela não olhou para trás, e seguiu  firmemente , parecendo que tinha tirado 10 kilos da mochila. Pelo decurso de caminhada que tivemos nos dias a frente, ela jura que nunca sentiu falta ou se arrependeu do " exercício do desapego".  O caminho a todo momento nos da a certeza, ou nos confirma passo a passo nossas necessidades, nossas fraquezas, e nossas decisões.  Os acertos e os erros!  Sempre é assim.  Esta foi uma decisão acertada e nunca lamentada, até porque, mais vale a tranquilidade e a certeza do sucesso da caminhada, do que " chorar " os  "x" pilas que custaram os tênis.  Este é o maior ensinamento do desapego do caminho.
 Um albergue "maravilhoso" nos apontamentos da Simone, foi registrado, pois ela já reclamava que não aguentava mais nada de kilometros a frente, e quando visualizou o mesmo , ficou extremamente feliz.  Albergue com cozinha completa, máquina de lavar roupas e de secar, maquina de refrigerante e de café expresso, outra de salgadinhos ( nossa que maravilha para nossa gula), e a imediata ideia de achar o mercadinho do povoado e comprar duas sopas de pacote e fazer um caldo " dos deuses". Assim foi feito e assim a felicidade foi completa.   Rssssssss, se a felicidade fosse medida pela satisfação de comer uma sopinha de pacote bem quente, um banho bem bom e uma cama com um cobertor que o hospitaleiro gentilmente nos emprestou, já que o famoso saco de dormir iria começar a fazer falta.  Este é o caminho....se alguém quiser entender assim , nestas coisas menores e simples , o significado de tudo que ele nos mostra de pedacinhos em pedacinhos. 

 Feno !!!!!  montes e mais montes ao longo do caminho.  Uma paisagem recorrente ao longo do caminho, ficando empilhado ao longo das pastagens, ao alcance dos donos de animais, aos donos de habitações de animais confinados de corte e de leite, esperando  para as necessidades do período de inverno rigoroso, onde as pastagens são todas soterradas pela neve e pelo mau tempo e falta de acesso as lavouras.
 As ruas estreitas que me referi na postagem anterior !  ruas com estilo medieval, com largura extremamente pequena e de acordo com a época e as necessidades dos anos em que foram construidas.
O resto da rotina ( lavar roupas, secar as que estávamos vestindo, estender, secar os pés ao vento, tomar um sol se possível na praça, levantar os pés nos beliches para a circulação melhorar, são detalhes que se repetem no dia a dia da caminhada.     Afora isso.......descansar e descansar era o que mais nós esperávamos nestes primeiros dias de caminhada.    Deitar, dormir, acordar de novo as cinco e meia da manha e arrumar os materiais fora do ambiente do dormitório, para não acordar os outros peregrinos antes das seis horas da manha, momento em que todos devem começar a se mexer, para enfrentar o novo dia de caminhada.   sempre assim.......ou quase assim.   Mas vamos ver a frente os dias que não foram assim.